Novo Mercedes W12 foi apresentado nesta terça-feira.
O temido carro preto está de voltas em 2021, pilotado por Lewis e Valtteri
Nesta manhã de terça-feira a Mercedes exibiu o seu Fórmula 1 de 2021, o W12. O modelo com o qual a equipe lutará para manter seu domínio desde 2014.
Será pilotado por Lewis Hamilton e Valtery em Bottas pelo quarto ano consecutivo, e o layout será alterado.
O carro segue com a cor preta aparecendo com destaque, praticamente em todo o veículo. A marca da Ineos na entrada de ar acima do cockpit segue na cor vermelha. A novidade é um trecho em cinza com as inscrições “AMG”, referente a divisão esportiva da Mercedes, e o número de cada um dos pilotos do time. Além das cores preta, vermelha e cinza, ainda há detalhes em verde água, referente a marca da Petronas, principal patrocinadora da equipe alemã. O nome da empresa do ramo do petróleo também aparece nas laterais e na asa traseira do W12, além de estar em detalhes da asa dianteira.
A equipe alemã domina a principal categoria do automobilismo mundial desde o início da era híbrida. De 2014 para cá, a Mercedes venceu todas as temporadas do Mundial de Construtores e também de pilotos. Exceção feita a 2016, quando Nico Rosberg foi campeão, Lewis Hamilton saiu com o título em todas as temporadas.O carro também mantém a estrutura do bico afinada que ele indiscutivelmente foi pioneiro sob as atuais regras, e os dutos de freio dianteiro também parecem ter sido virados de cabeça para baixo, com a parte mais larga da entrada agora estando embaixo. Presumivelmente há mais a ganhar aerodinamicamente fazendo isso, e mais oportunidade de girar o fluxo de ar para a esteira das rodas dianteiras para empurrá-lo para fora.
Além disso, o W12 também não tem DAS. O dispositivo tornou-se ilegal e foi removido, o que significa que a equipe terá de aquecer seus pneus dianteiros de uma maneira mais tradicional. O DAS ajudou a equipe a desfrutar de uma forma monstruosa na classificação e nas relargadas de corrida com os pneus dianteiros sempre na temperatura ideal – então a equipe terá que recuperar isso de outras maneiras.Os bargeboards também apresentam algumas diferenças de estrutura em relação aos da última temporada. A borda principal, onde o logotipo ‘F1 W12’ aparece, foi colocado mais para frente, e cresceu um pouco em altura para interagir com a pequena barbatana atrás do braço superior da suspensão trapeira. Esta barbatana também apareceu no carro ocasionalmente ao longo de 2020, e talvez os bargeboards reconfigurados tenham retornado para garantir que tudo se conecte corretamente.
Muito além dos títulos: Lewis Hamilton e a luta por igualdade
Heptacampeão mundial, dono de 95 vitórias e 98 poles na Fórmula 1, naquela que é a carreira mais laureada da história, Lewis Hamilton deixou claro que não quer ficar reconhecido apenas pelos seus feitos nas pistas ao redor do mundo. E mesmo às vésperas do início de uma temporada que pode marcar sua ascensão como o maior campeão de todos os tempos na principal categoria do esporte a motor, é ir além do seu papel como piloto.
Em 2020, Hamilton abraçou de vez a luta antirracista, protestando nas pistas contra a discriminação e contra a violência policial. Lewis entendeu o tamanho que tem além do esporte e bradou também contra as queimadas na Amazônia, defendendo o meio ambiente. Também no ano passado, o piloto criou a chamada Comissão Hamilton, que consiste em um projeto de ampliar a inclusão e garantir maiores oportunidades na indústria automobilística, protagonizada sobretudo por homens brancos.
“A principal prioridade para 2021 — no passado, as coisas eram apenas sobre vencer campeonatos, mas agora é buscar mais. Ano passado houve muita discussão sobre igualdade e inclusão, e creio que teve muita coisa falada. Esse ano é para avançarmos com a diversidade e realmente nos certificarmos de que ações são tomadas”, disse.
“Isso está no topo das preocupações para mim, é tudo pelo qual esses homens e mulheres estão trabalhando. Essa, então, é minha meta, entregar isso para eles”, seguiu.
Ao falar sobre o novo contrato, de apenas um ano de duração, Hamilton justificou o período bem mais curto em relação aos seus últimos vínculos com a Mercedes.
“Estou numa posição privilegiada em que atingi a maioria das coisas que eu queria até hoje, então não há necessidade de planejar muito além no futuro. Estamos vivendo um período incomum, e eu só queria um ano. Depois disso, podemos falar sobre se acertamos para mais tempo ou se seguimos fechando de um em um se for preciso”, encerrou.
Valtteri Bottas e a questão central? Como melhorar?
“O ponto principal durante o inverno e as férias foi ter sido honesto comigo mesmo e tentar descobrir como posso ser melhor. E saber, quando estiver no grid no Bahrein, que dei tudo o que pude de melhor, tanto do aspecto físico quanto do mental, dei tudo de mim”, disse o piloto durante entrevista no lançamento do W12.
Assim como Hamilton, Bottas também tem contrato com a Mercedes válido apenas para a temporada 2021, mas sabe que, diferente do companheiro de equipe, o seu patamar dentro da equipe é bem diferente. E, desta vez, o finlandês convive com uma ameaça real à sua permanência no ano que vem, chamada George Russell. Mas Valtteri tenta olhar apenas para o que vai ser possível fazer neste novo campeonato. “É o meu quinto ano com a Mercedes. Estou totalmente concentrado nos meus próprios objetivos”.
Para Bottas, ter Hamilton ao seu lado nos boxes da Mercedes é um privilégio e, ao mesmo tempo, uma missão duríssima. “Ele me dá motivação, é um desafio tê-lo como companheiro de equipe. Trabalhamos bem juntos, mas quando coloco o capacete, competimos muito um contra o outro. Ele é a melhor referência que existe”.
O piloto comemorou por estar de volta à sede da Mercedes, em Brackley, algo que foi pouco comum no ano passado em razão da pandemia.
“Obviamente, não pudemos visitar muito a fábrica no ano passado. Então, em primeiro lugar, estou muito feliz por estar de volta aqui e ver o novo carro pela primeira vez. Tenho recebido atualizações regulares sobre como as coisas estão progredindo, então é bom agora poder ver o resultado final pessoalmente, e isso me deixa mais animado para a nova temporada”, comentou.
Por fim, o piloto falou sobre a ansiedade para guiar o W12, que vai ficar apenas para 12 de março, em Sakhir. “Os carros são muito parecidos com os do ano passado, mas existem algumas mudanças aerodinâmicas interessantes que terão um impacto em como o carro se comporta, então estou ansioso para ver como é a sensação na pista do Bahrein”, concluiu.
Chefe da Mercedes desde 2013, Toto Wolff, um dos grandes pilares do sucesso da equipe sediada em Brackley deixou claro que, mesmo diante de tantas conquistas e títulos, não há margem para comodismo.
“Todos os anos, redefinimos nosso foco e definimos os objetivos certos. Isso pode parecer fácil, mas é muito difícil e, provavelmente, é por isso que não existem equipes esportivas com sete títulos consecutivos. Muitas coisas podem acontecer, e é natural se acostumar com o sucesso e, portanto, não lutar tanto por isso”, explicou o ex-piloto austríaco.
“Mas essa equipe não mostrou nada disso. Vejo a mesma chama, vontade e paixão da primeira vez que entrei por essas portas, em 2013. Cada temporada apresenta um novo desafio e, por isso, uma nova meta para alcançarmos”, declarou o dirigente, com o objetivo claro em buscar mais dois títulos para a escuderia.